Banca de defesa - CRISTINA BEATRIZ WESCHENFELDER DIAS
11/07/2025 - 09h00 - via webconferência, Campus Porto Alegre / IFRS - O Scratch como Ferramenta Pedagógica para Formação Leitora de Alunos com Transtorno do Espectro Autista e Facilitador da Socialização

Esta pesquisa de mestrado investigou os desafios da inclusão de alunos com necessidades especiais, com foco em estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e de que forma a ferramenta digital Scratch pode contribuir para aprendizagem desses estudantes. Embora a matrícula em escolas regulares seja um direito garantido, a oferta de um atendimento adequado ainda enfrenta obstáculos significativos. A falta de infraestrutura, a escassez de profissionais especializados e a necessidade de formação continuada para professores são alguns dos principais desafios, especialmente na rede pública estadual do Rio Grande do Sul. O aumento nas matrículas de alunos com TEA, condição que afeta o desenvolvimento cerebral e influencia comportamento, comunicação e interação, intensifica a demanda por atendimento educacional especializado. Os desafios se acentuam nas séries finais do ensino fundamental, quando o currículo se fragmenta e os alunos passam a interagir com diversos professores. Diante desse cenário, a pesquisa propôs a "Oficina Literadeira", um produto
educacional para contribuir com a aprendizagem de alunos autistas. O estudo, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CAAE: 79192624.0.0000.8024), foi aplicado a seis alunos com TEA, entre 12 e 15 anos, com foco no desenvolvimento de habilidades linguísticas. A oficina utilizou tecnologia, literatura e atividades lúdicas e interativas, buscando responder à pergunta: "De que forma o Scratch pode contribuir para a formação leitora de alunos com TEA e colaborar com a socialização desses alunos?" O Scratch é uma ferramenta digital, inspirada e fundamentada na espiral e nos 4Ps da aprendizagem criativa, utilizada em
diversos países para impulsionar o aprendizado dos estudantes. Ela oferece um ambiente de possibilidades ilimitadas ao permitir “paredes amplas”, reconhecendo que a criatividade não pode ser mensurada ou limitada. Ao mesmo tempo, ela é inclusiva, na medida em que permite que todos iniciem no seu ritmo, mesmo sem conhecimento prévio da ferramenta (teto baixo). Essa flexibilidade possibilita a exploração, estimula a autonomia e o
desenvolvimento das habilidades, fomentando o aprendizado. A pesquisa combinou revisão bibliográfica e pesquisa-ação. Os dados desta pesquisa qualitativa foram coletados através de observações sistemáticas, da aplicação de rubricas específicas previamente definidas, do registro em diário de campo e da realização de entrevistas semiestruturadas com os alunos e seus responsáveis legais. O objetivo foi verificar se o Scratch poderia contribuir na redução
dos bloqueios linguísticos que dificultam a criação do hábito da leitura e a compreensão textual, que impactam, consequentemente, na aprendizagem de outros componentes curriculares, além de examinar se a leitura, por seu caráter social e a colaboração no Scratch poderiam auxiliar na socialização destes estudantes. Com base nas teorias de Vygotsky, Papert e Resnick, que defendem a aprendizagem por meio da interação e da colaboração, os resultados indicaram que o uso do Scratch, aliado a atividades em grupo, contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais e comunicativas. Os achados deste estudo oferecem subsídios para a formulação de práticas pedagógicas inclusivas, reforçando a importância de abordagens personalizadas e colaborativas no ensino de alunos com TEA, visando uma educação mais equitativa.
MEMBROS DA BANCA:
MARCELO AUGUSTO RAUH SCHMITT (ORIENTADOR) |
SILVIA DE CASTRO BERTAGNOLLI |
RAQUEL DE MIRANDA BARBOSA |
FABIANA LORENZI (ATITUS) |
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